domingo, 9 de maio de 2010

Rumo a um Novo Continente

Thurar estava mais animado do que jamais antes esteve. Ele iria sair pela primeira vez para longe das redondezas da montanha dos demônios. No dia seguinte de tomar a decisão, eles já estavam partindo.
- Estou pronto para ir.
- Sim, vamos indo logo. A viajem é longa.
- Esperem. Eu vou com vocês.
- Não precisa pai. Pode ficar em casa.
- Não estou com um bom pressentimento. Eu quero conhecer esse lugar antes de deixar você estudar lá.
- Bem, então se você vem, vamos logo. Thurar despeça-se de sua tia.
- Até mais tia Konoka.
- Divirta-se lá Thurar. E cuidado com os vampiros a noite.
- Vampiros?
- Fiquei calmo Socel,é só uma brincadeira.
- Hahaha, pode deixar tia. Eu acabo com qualquer um que tente me atacar.
- É assim que eu gosto. Boa viagem para vocês. E tomem cuidado vocês 2 também, Setchan, Socel.
- OK. Vamos.
Eles então sobem as escadas e vão em direção a uma das torres. No topo desta torre se encontrava a “casa” de Draco, o dragonete. Eles adentraram na sala e logo Draco começou a fazer festa para eles.
- Está preparado garotão? Vamos sair.
Ele concordou com a cabeça e se abaixou para que colocassem a cela nele. Logo tudo estava pronto, eles subiram nas costas do dragonete e alçaram vôo. Conforme iam se afastando, Thurar continuava olhando para o castelo até ele sumir em meio ao nevoeiro.
- Vou sentir saudades daqui.
- Você não vai para sempre. Vai voltar para casa quando tudo terminar.
Eles seguiram voando por várias horas, até chegarem a um deserto que se perdia de vista. Eles pousaram e desceram das costas de Draco.
- A partir de agora o caminho é a pé. Draco, volte para casa.
Ele não gostou da ordem e fez uma cara de triste.
- Não se preocupe, eu vou voltar. Agora vá.
E com essas palavras, ele segue de volta para o castelo.
- Preparem-se. Vamos correndo a partir de agora. Não poderemos parar por nada.
- Porque temos que correr?
- A menos que você queira ser comido por um tubarão da areia ou por um verme do deserto, eu sugeriria que você corresse.
- Eu posso derrotá-los.
- Filho, faça o que sua mãe está dizendo. Uma coisa que eu aprendi todos esses anos é a nunca contrariá-la.
- Muito engraçado você. Agora vamos.
Eles então começam a correr. O mais rápido que podem, sem parar. Eles correm pelo resto do dia até a noite cair. Após algum tempo correndo no escuro, Thurar finalmente entende porque eles tem que correr sem parar. Ele olha para o lado e vê um verme do deserto acompanhando eles a uns 100 metros de distância. Era um ser enorme, seu comprimento deveria passar dos 30 metros e seu diâmetro deveria ser de pelo menos 5 metros. Era assustador ver um desses acompanhando você no meio da noite.
- Mãe! Pai! Tem um, acho que é um verme do deserto, seguindo a gente.
- Eu sei. Desde antes do sol se por. E são 3 no total. Espero que eles desistam de nos seguir antes de termos que parar. Por hora só continue correndo.
- Certo.
Mesmo desconfiado de que o verme pudesse atacar a qualquer momento, Thurar continua correndo sempre olhando para os lados. Eles correm até o dia amanhecer. Thurar e Socel já estavam exaustos, nunca haviam corrido tanto por tanto tempo. A única que parecia ainda ter fôlego de sobra era Setsuna.
- Vejam. Estamos chegando.
Ao longe dava para ver uma grande muralha que corria por todo o deserto até se perder de vista. Conforme foram se aproximando dela, puderam ver o seu verdadeiro tamanho. Era muito maior do que os vermes, deve ter sido construída especialmente para mantê-los afastados, deveria ter mais de 50 metros de altura.
- Agora a coisa vai ficar feia.
- Porque?
- Porque ainda temos um dos vermes nos seguindo. Vou precisar da ajuda de vocês.
- Diga o que nós devemos fazer.
- Achem alguma escada na muralha. Elas são todas de pedra igual a da muralha e ficam recuadas para dentro dela em uma fenda bem pequena, só dá para se perceber que é uma escada quando se chega bem perto dela.
- Certo. Mas o que faremos com o verme?
- Eu vou segurar ele.
- Como assim? Você não pode. Eu ajudo você.
- Não. Você e Thurar devem procurar a escada. Quando achá-la gritem que eu correrei na direção de vocês.
Obedecendo as ordens de Setsuna eles seguem para perto do muro e começam a procurar uma escada. Enquanto isso, ela para e espera o verme atacar. Não demora muito ele surge na frente dela. Ela desembainha a espada. Nesse instante o verme investe para cima dela com a sua bocarra aberta, mas ela salta para longe do ataque dele e ele entra com tudo dentro da areia e some. Ela sabe que ele ainda está ali, só esperando uma oportunidade para atacar.
Nesse momento, Thurar acha uma das escadas e começa a gritar.
- Aqui! Eu achei! Venham logo!
Socel e Setsuna então disparam em direção a ele. Socel chega primeiro já que estava mais perto. Mas antes que Setsuna pudesse alcançar a escada, o verme surge quase que em baixo dela, derrubando-a. Ele prepara para dar o bote enquanto ela ainda estava caída. Thurar e Socel correm para tentar ajudar, mas já era tarde de mais. O verme ataca e acerta em cheio, fazendo com que os 2 sumissem dentro da areia.
- Não!!!!!!!!!!
- O que vamos fazer pai?
- Eu não sei...
Os 2 sentam na areia e começam a chorar. O que eles iriam fazer sem ela? Como eles iriam sair dali sem ela?
- Eu achei que homens não choravam.
Eles tomam um susto e caem de costas na areia. Setsuna estava em pé bem na frente deles, sem nenhum arranhão.
- Mas como? Você foi engolida pelo verme.
- Sim. Mas eu fui comida viva. Então quando eu já estava dentro dele, eu simplesmente o abri de dentro pra fora. Acho que é o melhor meio de matar essas coisas.
- Nunca mais nos assuste desse jeito!
- Se eu falasse o que pretendia fazer vocês nunca iriam deixar que eu o fizesse. Agora vamos.
Eles então seguem para a escada ainda secando as lágrimas do susto. Ao chegarem no topo da muralha, eles pela primeira vez vêem o que tinha do outro lado. Uma cidade portuária. Por trás daquele imenso deserto estava escondido um oceano maior ainda.
- Nós viemos aqui pegar um barco?
- Exatamente. O colégio fica em outro continente. Só dá para se chegar lá de barco.
- Que legal! Nunca andei de barco antes!
- Vamos logo, temos que ver quando sai o próximo barco.
Eles então descem pelo outro lado da muralha e seguem em direção ao porto. A cidade era bem movimentada, com pessoas passando com caixas de diferentes produtos para todos os lados. Eles andam até avistarem uma grande placa, “Barcos para Fantate”, e vão em sua direção. Um homem estava parado em um balcão gritando com várias pessoas.
- Senhor, quando sai o próximo barco para Fantate?
- Vocês estão com sorte! Tem um que vai sair daqui a alguns minutos. É aquele dali.
Ele aponta para um grande barco de madeira. Era bem bonito, com desenhos por todo o seu casco.
- Queremos passagem para 3.
- Não se preocupem com isso agora. Andem logo e corram para o barco. Acertamos as contas quando chegarmos lá.
- Obrigado.
Eles vão até o barco e entram nele, seguido do homem do balcão, que dá o sinal para recolher a ponte e soltar as cordas. O barco zarpa em direção ao oceano aberto. Não se via nada ao horizonte a não ser o céu e o mar. Eles estavam apreciando a vista, vendo a cidade se afastar aos poucos, até ouvirem uma voz a muito esquecida por eles.
- Vejam só se não é a minha ex-companheira e desertora junto do seu cachorrinho de estimação.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crescendo

Eles estavam parados em frente a porta principal do castelo. Era uma porta enorme, dava 2 vezes a altura do dragonete. E o castelo então, do ponto onde eles estavam não dava para se ver até onde ele se estendia. Eles não tiveram que esperar muito, poucos minutos depois de chegarem a porta se abriu e dela saiu uma mulher correndo e gritando.
- Setchan!!!!!
Ela pulou em cima da irmã e lhe deu um forte abraço. Elas eram muito parecidas, pele branca e olhos roxos, só que Konoka tinha cabelos prateados ao invés de negros, também compridos como o da irmã, só que ela os usava soltos.
- Não agüentava mais esperar você chegar desde que me ligou dizendo que vinha.
- Eu tive alguns imprevistos, acabei demorando mais do que pensava.
- Mas agora o importante é que você finalmente chegou. Quanto tempo pretende ficar?
- Para sempre.
- Como assim?
- Eu vou morar aqui com você a partir de agora, espero que você não se importe.
- Claro que não! Eu não poderia estar mais feliz. Minha irmãzinha finalmente voltou para casa.
- Sim sim. E por falar nisso, estes aqui são meu marido e meu filho. Socel e Thurar. Eles também irão morar aqui comigo.
- Seu marido? Você se aposentou então? Ah muito prazer, eu me chamo Konoka.
- Peraí, desde quando eu sou seu marido e o meu filho virou o seu filho?
- Não reclame.
- Reclamo sim, já disse que acho que nós deveríamos nos comunicar mais sabe, antes de você tomar as decisões por você mesma.
- Que seja. De qualquer jeito eles também irão morar aqui comigo. E não, eu não me aposentei. É uma longa história.
- Não tem problema nenhum. Qualquer pessoa que seja da família de minha irmã também é da minha família. E eu vou querer saber de toda a história mais tarde heim. Agora venham, vamos entrar.
Eles então adentram no castelo. Era um lugar magnífico. Sua arquitetura era bem antiga, do inicio dos tempos, provavelmente construída pelos primeiros habitantes da montanha.
- Nós precisamos comemorar a chegada de vocês.
- Esteja a vontade. Faça o que você preferir maninha.
- Eu recuso, estou cansado e gostaria de descansar.
- Mas porque? Eu ia preparar um jantar magnífico. Você pode ir se deitar agora e eu lhe chamo quando for a hora do jantar.
- Tudo bem. Mas onde vai ser o meu quarto?
- Nosso quarto você quer dizer né?
- Sim, onde será o nosso quarto?
- Vocês podem ficar no antigo quarto da Setchan.
- Pode ser, vamos, eu te mostro onde é.
- E não demore, temos muito o que conversar ainda.
- Pode deixar.
E com um sorriso, Setsuna e Socel seguem para o quarto enquanto Konoka vai para a cozinha. Eles sobem escadas e mais escadas, até o topo de uma das torres. Eles então adentram no quarto. Ele era bem grande como tudo naquele castelo. Haviam uma cama de solteiro, um armário que cobria uma parede toda e uma penteadeira, todos feitos com uma madeira rara e bem conservados.
- Temos que mudar a cama e também arrumar um berço. Falarei para a Konoka passar aqui mais tarde para ajeitar isso. Por hora durma nessa cama mesmo. Eu vou indo, bom descanso.
Ela o beija e sai do quarto. Socel anda até a cama e se deita, ajeitando Thurar ao seu lado.
- Veja bem meu filho. A partir de agora este será o seu lar e elas a sua família. Viveremos tranquilamente por vários anos. Espero que você goste.
Ele fica observando seu filho que dormia tranquilamente agora até pegar no sono.

E com isso os anos se passaram. Thurar cresceu nesse meio. Criado por uma feiticeira que só descobriu que ele não tinha talento para a magia nos seus 5 anos de idade após eles explodir toda uma sala; por uma guerreira que não acreditava que alguém não soubesse manejar uma espada até desistir de treiná-lo quando ele tinha 8 anos; e por seu pai, um lobisomem e grande estrategista que o ensinou tudo que ele sabia. Aos 10 anos de idade, ocorreu a sua primeira transformação, e para a surpresa de todos, ele podia se transformar de dia também.
- Como isso é possível? Eu nunca vi um lobisomem se transformar de dia.
- Socel já fez isso uma vez.
- É verdade?
- Sim. Mas foi só uma vez.
- Porque será que isso aconteceu?
- Bem, é uma lenda que existe em nosso clã. Todo aquele que possuir o verdadeiro espírito dos lobisomens poderá se transformar mesmo de dia. E ele se tornará um lendário guerreiro, pois aquele que possuir essa habilidade será bem mais forte e habilidoso do que qualquer outro lobisomem. Mas a sua fúria será incontrolável, não conseguindo ser parada por ninguém. Em resumo essa é a lenda.
- Então porque você só conseguiu fazer isso uma vez?
- Acho que foi porque eu estava descontrolado, e meu espírito deve ter se elevado ao nível necessário para se transformar. Duvido que ocorra novamente.
- E como nós faremos com o Thurar? Ele ainda não sabe controlar a transformação.
- Deixem comigo. Eu vou treinar ele.
E então começou o seu treinamento. Horas e mais horas aprendendo a se transformar e a se controlar após a transformação. Como ele podia se transformar de dia também, o treinamento foi bem mais intenso. Pela manha, tarde e noite. Durante 5 anos ele treinou e aprendeu perfeitamente a se transformar e a se controlar. O único problema era quando ele se transformava quando estava com raiva. A lenda era verdadeira e ele perdia o controle e só parava após destruir tudo o que queria.
- Acho que deveríamos mandar ele para algum lugar para aprender a controlar a sua raiva.
- Algum lugar você diz em outra cidade?
- Sim.
- De jeito nenhum. Ele não vai sair daqui.
- E você pretende segurar ele até quando? Ele está crescendo, você já mal agüenta com ele.
- Ela está certa, acho que deveríamos mandá-lo treinar a sua transformação em outro lugar.
- Então me diga aonde?
- Eu conheço um lugar. É uma escola especial para super-humanos. Foi lá que eu treinei para me tornar feiticeira.
- Hallton.
- Hallton? Nunca ouvi falar.
- É um ótimo lugar. Super-humanos de vários tipos vão para lá. Será bom para ele conhecer e conviver com outras pessoas além de nós.
- Que tal perguntarmos para ele? Ele já é grande o suficiente para tomar as próprias decisões.
- Muito bem, eu vou chamá-lo.
Socel então sai e chama Thurar para se juntar a eles.
- Queremos lhe fazer uma proposta.
- Pois digam.
- O que você acha de ir estudar numa escola?
- Estudar? Mas eu já estudo aqui em casa. Além do que eu também aprendi muitas coisas com os seres da montanha e da cidade dos mortos.
- Eu disse que era besteira.
- Fique quieto, ainda não terminamos de falar.
- Você nunca teve vontade de conhecer o mundo além desta montanha?
- Claro que tenho! As histórias que eu ouço de terras além são demais!
- Então, este colégio fica bem longe daqui. E você viveria lá. Conviveria com outros humanos, super-humanos pra falar a verdade. E também conheceria várias outras terras além. Ainda quer recusar a proposta?
- Eu preciso pensar.
Ele então sai da sala.
- Viu o que vocês fizeram! Confundiram a cabeça dele!
- Deixe de ser ranzinza. Ele precisa fazer as próprias escolhas.
Após cerca de 10 minutos ele volta para a sala.
- Eu decidi. Quero ir estudar nessa escola.

domingo, 4 de abril de 2010

Rumo ao Topo da Montanha dos Demônios

Já era manha quando Socel acordou. Olhou para o lado, Setsuna já havia levantado.
- Finalmente você acordou, achei que fosse dormir o dia inteiro. Agora se levante, pegue Thurar e saia. Preciso me preparar para nos levar até a montanha.
- Como assim se preparar?
- Apenas faça o que eu lhe pedi. Depois eu te explico.
Socel então se levantou, pegou Thurar e foi em direção a porta. Antes de sair ele parou e viu alguns coelhos mortos em cima da mesa.
- Você podia me explicar o que você pretende fazer?
- Não. Agora saia logo.
Muito a contragosto ele sai. Do lado de fora ele se afasta e senta no chão recostado em uma árvore, onde após alguns minutos ele pega no sono. Depois de cerca de 40 minutos, Setsuna sai da casa e vai acordá-lo.
- Socel. Socel!!! Você está dormindo ainda? Temos que ir, não vai durar muito.
- O que não vai durar muito?
- Anda logo e vem.
Ele se levanta e vai até a cabana. Ao entrar ele toma um susto. A cabana estava coberta por desenhos e símbolos estranhos, todos feitos com o sangue dos coelhos que ele vira mortos na mesa.
- O que significa isso?
- São círculos de conjuração. Eles nos levarão direto para a montanha.
- Tem alguma coisa que você não me contou, como por exemplo o fato de você ser uma feiticeira?
- Achei que fosse irrelevante, e eu não sou uma feiticeira completa, só uso da magia quando é muito necessário, como agora. Bem, mas depois eu lhe conto isso melhor, agora venha aqui.
Ele se aproxima dela e então ela pega uma pata de um dos coelhos e faz uma marca na testa dele, outra na de Thurar e outra na dela, todas iguais. Ela então segura na mão dele e começa a recitar uma conjuração. Repentinamente toda a cabana começou a escurecer. Socel apertou mais forte ainda a mão que segurava a de Setsuna e a que segurava Thurar em seu colo. Eles foram totalmente engolidos pela escuridão. Um frio perpassou pela barriga de Socel e ele começou a se sentir tonto. E tão rápido quanto como começou, a escuridão foi se dissipando. Eles agora se encontravam em um salão bem grande, todo de pedra. Ao olhar mais atentamente, parecia mais um salão de portais, pois havia vários espaços com os mesmos símbolos que os que estavam na cabana, que também era o mesmo que eles agora pisavam. Ao entrarem no salão, todas as atenções foram voltadas para eles. No local só havia criaturas que ele não soube dizer exatamente o que todas elas eram. Eles eram os únicos humanos lá. Um murmúrio começou a correr por todo o salão, e logo um dos seres foi correndo até onde eles estavam. Ao se aproximar ele fez uma grande reverência e logo começou a falar.
- Seja bem vinda princesa Setsuna. Em que lhe posso ser útil?
- Preciso de transporte aéreo o mais rápido possível. E que seja o mais rápido que você tiver.
- Sigam-me.
Eles então seguem atrás do “homem”. Ele na verdade era um morto-vivo. Apesar de estar morto, ele trajava roupas bem novas. Eram o que lhe diferenciava dos outros, pois ele era o responsável pelos portais. Eles então saem do salão. Do lado de fora, o lugar parecia uma cidade pequena normal, tirando o fato de que tudo tinha aparência de velho e de estar caindo aos pedaços.
- Onde estamos?
- Estamos na cidade dos mortos.
- Achei que fosse só uma lenda.
- Mas não é. Ela fica localizada na base de trás da montanha dos demônios. Aqui é extremamente perigoso, por isso não saia de perto de mim em hipótese alguma.
- Certo.
Eles continuam andando até chegar em um prédio baixo, mas com uma base tão grande que não dava para ver aonde terminava. Eles entram e seguem para o ultimo andar. Lá não havia teto, era totalmente aberto, pois o lugar era usado como “aeroporto” para criaturas aladas. Eles então se dirigem na direção do tratador que tomava conta do lugar.
- Eu preciso do seu dragonete mais rápido Mirty.
- Para que?
- Para a princesa Setsuna.
- Não acredito, a princesa está de volta!
- Estou. E também estou com muita pressa.
- Ah claro, espere um segundo, vou arrumar um bom para você.
Ele então pega uma cela que havia jogada no chão e sai em direção as criaturas.
- Que história é essa de princesa Setsuna?
- É uma longa história.
- Não importa, eu quero ouvir.
- Bem, a minha família é uma família de feiticeiros das trevas. E por séculos eles foram os governantes tanto da cidade dos mortos quanto da montanha dos demônios. Agora quem manda em tudo por aqui é a minha irmã, o que me torna a princesa, já que sou a próxima sucessora.
- Eu acho que nós deveríamos começar a conversar mais sobre o seu passado, para que eu não precise mais ficar tomando sustos.
- Quem sabe agora eu te conte tudo já que vamos ficar morando por aqui por um bom tempo.
- Morando aqui por um bom tempo?!?
- Veja, Mirty está voltando.
Socel não gosta do desvio do assunto, mas mesmo assim para e olha para Mirty. Ele vinha trazendo um pequeno dragonete, deveria ter cerca de 5 metros de altura e uma pele cinza de escamas bem pequenas.
- Um dos melhores que eu posso lhe oferecer no momento.
- Está ótimo, vamos ficar com ele.
- Ficar com ele? Achei que você só precisasse para um vôo.
- Mirty!!! É a princesa, a palavra dela é uma ondem.
- Certo, certo, levem ele. Mas você vai ficar me devendo uma Squirt.
- Não me importo.
- Então eu acho que já vamos indo. Talvez na outra semana eu volte aqui na cidade. Muito obrigado pela ajuda Squirt.
- Não precisa agradecer princesa, só estou aqui para fazer o meu trabalho.
Setsuna pega as rédeas da mão de Mirty, e eles sobem nas costas do dragonete. Apesar de ser um dragonete, ele era bem calmo, parecia que havia gostado dos seus novos donos.
- Você sabe voar nisso?
- Faz anos que eu não vôo, mas eu acho que ainda me lembro.
- Estamos ferrados.
Setsuna puxa as rédeas e o dragonete abre as asas.
- Tome cuidado com os diabretes, princesa.
E após receber o aviso, ela puxa as rédeas novamente, e dessa vez o dragonete dá um forte impulso do chão em direção ao céu. Socel nunca havia voado antes, era uma sensação incrível, o vento batendo em seu rosto. Era como estar livre de tudo e de todos. Conforme eles se afastavam da cidade, a vista começava a mudar completamente. A montanha era coberta por uma floresta bem fechada, não dava para ver nenhuma fresta de chão. Além de que quanto mais eles subiam, mais começava a surgir uma neblina que dificultava a visão deles.
- Socel, troque de lugar comigo.
- Como você espera que eu faça isso?
- Só segure as rédeas para mim.
- Mas eu não sei pilotar esse troço!
- Só segure as rédeas.
Ela então entrega as rédeas na mão livre de Socel. Ela coloca as duas mãos para trás por cima da cabeça e segura nos ombros de Socel, e com um impulso ela pula para trás, dando um mortal de costas e usando os ombros de Socel como alavanca para fazer ela voltar ao lugar certo.
- Você está maluca?!? Poderia ter morrido! Pra que você fez isso?
- Por conta deles.
Numa fração de segundos, apareceram vários diabretes voando em volta deles. Deveriam ter pelo menos uns 10 deles. Setsuna então saca a sua espada e a levanta no ar.
- Eu sou a princesa Sakurazaki, vocês me devem obediência.
Eles por alguns segundos voam juntos conversando entre si.
- Deixamos você passar, mas os outros devem ficar.
- Eles vem comigo.
- Então todos vão morrer.
Os diabretes começam a atacar com seus ferrões e com suas garras, tanto o dragonete quanto seus ocupantes. Setsuna então começa a tentar matar o máximo possível que ela conseguir, enquanto Socel, que acabara de aprender a voar, guia descontroladamente o dragonete. Após cerca de 10 minutos nessa disputa, somente 3 diabretes haviam morrido e eles já conseguiam avistar o topo da montanha. Repentinamente todos os diabretes param, como se tivessem batido em uma parede invisível.
- O que foi isso?
- Deve ser magia de proteção da minha irmã contra criaturas das trevas.
Eles então seguem tranquilamente o final do percurso até o topo da montanha. A “casa” era na verdade um castelo enorme, que ocupava quase toda a área do topo da montanha. Eles pousaram bem na porta de entrada e desceram das costas do dragonete.
- Finalmente chegamos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Cabeças Premiadas

Setsuna abriu os olhos lentamente, o sol batia em seu rosto e ela mal conseguiu enxergar por alguns segundos. Ao desviar o sol do rosto ela começou a olhar para o local onde se encontrava. O teto, as paredes e os móveis eram todos de madeira. Parecia uma cabana bem simples. Ela estava deitada em uma cama também de madeira, forrada por folhas, o que a tornava bem macia. Ela então passou a mão sobre sua barriga, havia um curativo onde ela fora atingida por Marco na batalha. Olhou ao redor, a procura de alguém, em especial Socel e Thurar, mas nada achou. Ela se sentou lentamente na cama, ainda sentindo dores em sua barriga. Quando estava quase se levantando, a porta se abriu e por ela entrou Socel segurando Thurar em seu colo e na outra mão uma sacola. Ela nunca ficou tão feliz ao ver alguém. Ignorou completamente a dor que ainda sentia e se levantou correndo em direção a eles, deu um abraço e logo em seguida um beijo em Socel que o deixou totalmente constrangido.
- Mas o que você...
- Eu achei que vocês estavam mortos.
- Por um momento eu também achei, mas agora estamos bem.
- O que você quer dizer com isso? E onde nós estamos? O que aconteceu? Você está todo machucado!
- Tenha calma. Sente-se, vou lhe contar tudo. Mas antes, coma alguma coisa.
Ele então coloca a sacola em cima da mesa, estava cheia de uma fruta verde claro com a forma de uma bola de bilhar. Ela pega algumas e os 2 sentam-se na cama.
- Pode começar. Onde estamos?
- Em uma cabana abandonada que eu encontrei na floresta. Foi o melhor lugar seguro próximo que eu encontrei.
- Seguro?
- Sim, isso mesmo.
- Mas o que aconteceu? Porque temos que nos proteger em um lugar seguro?
- Marco. Ele armou pra nós.
- Aquele desgraçado. O que foi que ele fez?
- Destruiu Galive, matou todos os habitantes da cidade e colocou a culpe em nós.
O choque foi tão grande que Setsuna deixou metade da wiscon que comia cair no chão.
- Mas isso é impossível...
- Não é não.
- Como você pode ter certeza disso tudo?
- Eu vi. Já era noite quando eu acordei. Você ainda estava desmaiada, então eu lhe peguei e voltei para Galive. Mas quando eu cheguei lá, a cidade estava toda destruida, e as pessoas mortas. Eu então fui direto para o hospital, havia algumas partes dele ainda de pé, e você precisava de curativos. Fiz o possível e consegui achar alguns remédios e curativos suficientes para você melhorar.
- E fez um bom trabalho.
- Obrigado. Fiz alguns em mim também, e decidi ficar na cidade até que você acordasse. Mas depois de 3 dias, eles chegaram.
- 3 dias? A quanto tempo eu estou dormindo? E quem são eles?
- Você ficou 5 dias desacordada. E eles, são os seus amigos cleaners. Estavam atrás de nós. Marco voltou para Preturia e inventou que nós havíamos enlouquecido e matado Carmen e Gennevieve, e que havíamos atacado ele também, e que com isso, os orcs conseguiram invadir e destruir a cidade de Galive. O governo de Preturia colocou um prêmio de 1 milhão de wyohns pela nossa captura vivos e metade mortos.
- 1 milhão de wyohns pela nossa cabeça? Eles enlouqueceram?
- Acho que sim. Como Marco é o 1° general, todos vão acreditar nele e não em nós. Ele deve ter dito que estávamos feridos e então eles mandaram 3 cleaners atrás de nós. Ele também deve ter deduzido que voltaríamos para a cidade e que procuraríamos o hospital. Então eles vieram direto para cá.
- E o que aconteceu?
- Bem, eu tentei convencer eles de que Marco havia mentido, mas eles não acreditaram e mandaram que nos rendêssemos. Quando eu falei que só sairia dali depois de morto, eles tentaram me matar e quase conseguiram. Por sorte já estava anoitecendo quando eles chegaram, foi só agüentar até a lua surgir e então eu matei os 3.
- Por isso que você está todo ferido desse jeito.
- Sim. Depois disso, eu peguei você e o Thurar e fugi para a floresta. Andei por 1 dia inteiro até que eu finalmente achei esta cabana abandonada. Eles provavelmente vão demorar pelo menos 1 semana até nos acharem, então temos que pensar em um plano logo.
- Vamos para a casa de minha irmã. Eu já havia avisado ela que iríamos para lá, antes de sermos enviados para esta missão.
- E como você espera chegar lá sem que nos achem? A noticia de nosso prêmio já deve ter corrido todas as cidades deste continente. Deve haver vários caçadores de recompensas atrás de nós.
- Não se preocupe, existe um meio seguro de chegarmos até a casa de minha irmã. E pode ter certeza de que lá ninguém irá nos achar.
- Em que cidade a sua irmã mora?
- Ela não mora em nenhuma cidade. Ela mora no topo da montanha dos demônios.
- Topo da montanha dos demônios?!? Isso é impossível.
- Se fosse, ela não moraria lá. Por isso mesmo eu disse que ninguém irá nos achar lá.
- Certo, vou confiar em você.
- Claro que vai, que outra escolha você tem?
Ela então sorri e dá um beijo nele. Ele novamente fica constrangido.
- Você poderia parar de fazer isso?
- Não. Agora acho melhor nós descansarmos, amanha será um dia difícil.
Socel se levanta e coloca Thurar em um berço improvisado com galhos e folhas e então se deita ao lado de Setsuna na cama apertada.

domingo, 28 de março de 2010

Eliminando Orcs

Tudo estava pronto para o ataque. Os orcs nem pensavam que poderia sofrer um ataque surpresa. Setsuna se prepara para atacar, quando de repente uma mão segura seu ombro e ela se vira assustada.
- Achou que fosse se divertir sem mim?
Era Marco. Ele e Gennevieve os haviam seguido sem que eles percebessem.
- Pode deixar que eu começo a festa por você.
- Mas o que...?
Ela mal pode falar. Os 2 rapidamente correram em direção ao exército desembainhando suas espadas.
- Ataquem!!!
Era o sinal. Carmen e Socel partem para o ataque também, seguidos por Setsuna. Os orcs se surpreendem com a entrada de 5 cleaners em seu acampamento. Eles param de fazer o que cada um estava fazendo e pegam suas armas. Por mais fortes que eles fossem e apesar do grande número, eles nem se comparavam com o poder de briga dos cleaners. Pareciam que eles nunca haviam entrado em uma batalha. Era um morrendo após o outro. Socel mal podia acreditar, então aquele era o poder dos cleaners mais fortes??? Gennevieve e Carmen não eram muito mais habilidosos do que ele, mas Marco e Setsuna eram incrivelmente destrutivos. Para cada orc que ele matava, cada um dos 2 matava 5. Socel estava tão distraído olhando para Setsuna que mal prestava atenção em sua própria briga, quase morreu umas 3 vezes. Ele odiava brigar como humano usando armas. Ele tanto não gostava que decidiu esperar a briga acabar e subiu em uma árvore para se esconder e ficar observando. Ele viu, um a um, os orcs irem caindo. Agora ele entendia o porque das alcunhas dos generais. Reaper e Shinigami. Os 2 pareciam que nasceram para matar. Eles pareciam brincar com suas espadas, a de Setsuna até parecia reluzir uma luz dourada. Depois de alguns segundos, ele reparou que Marco havia sumido. Olhou em volta de todo o campo de batalha e nada viu. Até que infelizmente ele o encontrou.
- Seu canalha, não fuja da batalha.
Marco havia encontrado ele escondido na árvore, e sorrateiramente subiu até onde ele estava. Marco o chutou com toda a força e ele caiu, batendo forte de costas no chão. Marco então começou a rir, alto o suficiente para que todos parassem e olhassem para ele. Ainda havia cerca de uns 13 orcs vivos, dos quais 8 foram na direção de Socel que estava caído.
- Todos protejam ele!!!
Setsuna dá a ordem e em seguida parte em direção a Socel, mas é parada por Marco.
- Nem pensar, ele vai aprender o que é bom. Todos mantenham suas posições, quem for ajudá-lo eu mato!
E subitamente Gennevieve e Carmen param de correr. Os 8 orcs, vendo que pelo menos poderiam matar um deles, seguem em direção a Socel com toda a sua fúria.
- Saia da frente Marco! Ou então eu tirarei você a força!
- Então me tire a força. Quero ver se você é capaz.
E então, Setsuna parte para cima de Marco, e os 2 começam a travar uma batalha.
- Vocês parem com isso agora, podem acabar se matando assim.
- Não ousem interferir, ou eu mato vocês 2.
- Não ouçam o que ele fala. Agora ajudem Socel antes que ele morra. É uma ordem!
Carmen e Gennevieve se entreolham sem saber o que fazer.
- Foda-se as ordens. Vou fazer o que eu acho correto.
E então Carmen corre em direção aos orcs que se aproximavam de Socel. Mas antes que ela pudesse se aproximar, Marco entra em seu caminho.
- Eu lhe avisei.
E com um golpe seco, ele arranca a cabeça de Carmen.
- Você enlouqueceu seu canalha! Eu vou te matar!
Setsuna tenta ir em sua direção, mas em vão. Marco era muito veloz, e logo ele estava parado atrás de Gennevieve.
- É melhor eu me livrar de você também antes que tente me desobedecer.
E com outro golpe seco, ele também arranca a cabeça de Gennevieve.
- Não!!!
- O que foi? Não agüenta ver os seus companheiros morrerem? O seu parceiro será o próximo. Hahahaha.
Ele estava quase certo, Socel estava tendo problemas em enfrentar tantos inimigos na forma humana. Só havia conseguido matar 2 e ganhara um corte bem fundo em seu braço esquerdo. Malditos sejam aqueles que criaram o dia, se ele pudesse se transformar, ele acabaria com todos em questão de segundos. Enquanto ele fugia e brigava para sobreviver, Setsuna fazia o mesmo. Marco era incrivelmente superior a ela em velocidade, e ela mal conseguia acompanhar os seus movimentos.
- Está com dificuldades? Quem foi que disse que iria me tirar do caminho a força heim? Hahahaha.
- Cale a boca seu cretino! Muito bem, se é isso o que você quer é isso o que você vai ter!
Ela para e recua.
- O que pretende fazer agora?
- Eu preferia não ter que usar isso, mas você me obrigou.
Ela então começa a recitar uma conjuração. Repentinamente, um vento forte começou a sair dela, e quanto mais ela falava mais forte o vento ficava. Era tão forte que até mesmo Socel e os orcs pararam de brigar para ver o que estava provocando aquele vento.
- Muito bom, finalmente vou poder ver o seu verdadeiro poder! Hahahaha.
Além de criar o vento, a sua espada também começou a brilhar, um brilho dourado e muito forte. Após 2 minutos recitando a conjuração, ela termina. O vento para e a espada volta ao normal.
- Está na hora de você aprender.
E como que na velocidade de vento, Setsuna parte para cima de Marco. Era tão rápida que quem assistia só viu um borrão se mexendo. Mas Marco ainda assim defendeu o golpe.
- Muito bom, agora eu também poderei brigar de verdade.
E dizendo isso, Marco solta um urro e instantaneamente sua força dobra. Ele a empurra para longe e lhe dá um chute na barriga, o que a faz voar até o outro lado da clareira.
- Setsuna!!!
Mas Socel nada podia fazer, ainda havia 4 orcs para enfrentar. Ele já estava esgotado, nunca havia passado por tal aperto em uma batalha. Seus ferimentos haviam aumentado também e sua visão já começava a ficar turva. Enquanto isso, Marco se aproximava lentamente de Setsuna.
- Você nada pode fazer conta mim. Eu sou o mais forte.
Ela se levanta, ainda com mais raiva, e parte para cima dele com tudo. Mas ele desvia de seu golpe.
- Você não aprende mesmo.
E então, Marco atravessa a espada na barriga de Setsuna.
- Não!!!!!!!!!!
Socel se descontrola, e o inesperado acontece. Mesmo com o sol ainda no céu, ele começa a se transformar. Os orcs se assustam e se afastam dele, mas de nada adianta. Ele estava descontrolado, e como se estivesse matando formigas, ele dilacera os orcs remanescentes. E parte para cima de Marco.
- Vejam só. Nosso amigo conseguiu fazer algo raro, não? Pois bem, venha brincar comigo, cachorrinho.
Ele retira a espada da barriga de Setsuna que estava desmaiada e vai em direção a Socel. Mas ele para apenas 2 segundos depois.
- Achou que eu morreria só com aquilo?
Era Setsuna que estava só fingindo estar desacordada e se levantara.
- Ora sua...
Ele se vira para acertá-la, mas nessa hora Socel já estava atrás dele, e o morde bem no pescoço. Suas presas vão o mais fundo possível. E Marco grita de dor. Foi a distração perfeita para Setsuna. Com um único golpe, ela arranca o braço direito de Marco. Ele grita mais ainda, nunca havia sido ferido em batalha, e agora estava prestes a morrer.
- Não vou perder!
E como quem resiste até a morte, ele segura Socel pela cabeça forçando-o a tirar as suas presas de seu pescoço, e o arremessa contra Setsuna. Os 2 caem no chão, um sobre o outro.
- Seus desgraçados. Vocês ainda vão pagar pelo que fizeram a mim.
Ele então foge, correndo o mais rápido que podia.
- Você não vai fugir!
Setsuna havia se levantado, mas antes que pudesse correr atrás de Marco, ela cai de joelhos. O ferimento em sua barriga estava começando a doer, e ela estava fraca já. Ela olha para Socel que estava desacordado no chão, e também desmaia.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Mudando os Planos

A viagem até Galive demorou 3 dias. Eles galoparam direto, parando somente para comer e ir ao banheiro. Foram 3 longos dias de piadas infames por parte de Marco, Setsuna estava a ponto de explodir de raiva enquanto Socel se divertia vendo-os brigar. Até que finalmente eles chegaram na cidade. Era uma cidade normal, mas pequena, seus prédios não eram tão altos e suas ruas ainda eram de pedra. Deixaram seus cavalos no estábulo da cidade, aonde foram recepcionados por 2 cleaners.
- Sejam bem vindos General Marco, General Setsuna.
- Identifiquem-se por favor.
- Eu me chamo Gennevieve, as suas ordens senhor.
- Eu me chamo Carmen, pronta para servi-lo.
- Muito bem, reporte-nos a situação atual.
- O exército orc está a 1 dia daqui, deve chegar amanha a noite. Eles estão em uma tropa de 500 soldados.
- Só isso? Achei que fossem bem mais. Damos conta do recado facilmente. Agora eu quero descansar, me arrume um quarto Gennevieve.
- Claro. Já deixei um reservado para o senhor. Siga-me.
E eles seguem rua acima.
- A senhora também deve estar cansada, deixei-lhe um quarto reservado também.
- Sim, nos leve até ele.
- Ah, mas eu não sabia que iriam mandar mais um cleaner, por isso só reservei mais 1 quarto.
- Não tem problema, ele ficará comigo no quarto.
- Mas, desculpe me intrometer, e o bebê em seus braços? Quer que eu arranje alguém para tomar conta dele?
- Não se preocupe com isso, ele também ficará comigo.
- Ah, certo. Sigam-me então.
Eles seguem andando pela rua lateral. Ela os leva até um hotel. Era um prédio bem alto e luxuoso.
- É um dos melhores da cidade, eu particularmente adoro ele. Aqui estão as chaves, seu quarto é o 507. A senhora precisa de mais alguma coisa?
- Não. Pode ir.
- Que horas a senhora quer ser acordada?
- Como eles só devem chegar amanha a noite, me chame amanha pela parte da manha.
- Sim senhora.
E ela se retira. Socel espera Carmen sair para começar a falar.
- Desde quando você é general?
- Desculpe não ter te dito isso antes, achei que fosse uma informação desnecessária.
- Pelo contrário, é de suma importância.
- Já pedi desculpas. Eu sou a 3ª general do exército cleaner, também conhecida como Shinigami.
- 3ª? Um posto tão alto assim e você nunca me disse nada?!?
- Eu já pedi desculpas porra!!
- É por isso que você conseguiu convencer os seus superiores a me aceitarem como seu parceiro.
- Sim. Mas mesmo assim, eles nos mandaram para esta missão como retaliação na esperança de que você morra.
- Eu não vou morrer, eu acho.
- Você não vai morrer. Pela quantidade de inimigos, somente eu ou o Marco seriamos capazes de matar todos, não sei para que tanta gente.
- Para que a missão fracasse e eu e os outros cleaners morram, fazendo a culpa cair sobre você que escolheu um parceiro fraco demais e ainda estava com um bebê.
- É, deve ser exatamente isso. Bem, vamos subir logo que eu estou morrendo de sono e quero dormir.
Eles seguem e pegam o elevador até o 5ª andar. Ao sair, seguem até o quarto 507 e entram. O quarto era extremamente grande, era limpo e bem arrumado, com todos os móveis brilhando ainda. Mas só havia uma cama no quarto.
- Durma com Thurar na cama, pode deixar que eu me acomodo em algum canto aqui.
- Nada disso, você vai dormir comigo na cama.
- Como assim dormir com você?!?
- Não pense besteira seu pervertido. Você precisa estar mais descansado do que eu. A cama é grande, cada um dorme de um lado e colocamos o Thurar no meio.
Socel não gosta muito da idéia, mas acaba concordando com a cabeça. Eles então se deitam como Setsuna havia dito. Ela fica virada para o meio da cama, de frente para ele e para o bebê, mas ele se vira de costas para os 2. Não confiava que ele fosse se controlar se estivesse de frente. Mas o cansaço era tanto que eles logo adormecem.
Eles foram acordados na manha seguinte por batidas fortes na porta. Era Carmen que tinha ido acordá-los. Socel se levanta e abre a porta.
- Bom dia, trouxe o café da manha para vocês.
Ela empurrava um carrinho cheio de comida. Pães, queijos, frutas, sucos, café, leite, geléias. Carmen havia levado também uma mamadeira para alimentar Thurar. Eles se sentam na cama e começam a comer, enquanto ela alimenta o bebê.
- Ele é uma gracinha. Mas eu achei que só pudéssemos ter filhos depois de nos aposentarmos.
- Você está certa. Ele não é meu filho, é filho de Socel. E ele já havia nascido quando ele se tornou um cleaner.
- Nossa, então você é um novato ainda.
- Não gosto que me chamem assim, sou mais forte do que muitos de vocês.
- Ela não está querendo saber o quão forte você é. Ela só está falando que você é novo na organização.
- Exatamente.
- Mas mesmo assim, poderia muito bem ser um general também, pela experiência que eu tenho em batalhas.
- Você é algum tipo de guerreiro da sua cidade?
- Bem, na verdade eu era...
- Calado!
- Qual o problema, na hora da batalha ela irá descobrir mesmo. Eu sou um lobisomem. Minha família era a responsável por comandar o clã. E eu, o responsável pela guarda da vila.
- Nossa. Bem interessante isso. Acho que vamos ganhar mais facilmente agora então.
- Assim espero.
Eles terminaram de comer e desceram.
- Você sabe onde Marco está?
- Sim, Gennevieve me disse onde ele está hospedado. Quer que a leve até lá?
- Não precisa. Eles iam sair cedo?
- Pelo visto não. O General Marco pediu para ser acordado somente pouco antes da batalha.
- Típico daquele canalha. Bem, eu vou fazer do meu jeito. Não vou esperar ele acordar para me atrapalhar.
- O que você pretende fazer?
- Vamos em direção ao exército orc e acabar com eles antes que eles possam chegar muito perto.
- Você enlouqueceu? Ainda está de dia.
- Nós 3 somos o suficiente para acabar com todos eles. E eu não me importo com isso, não ligo para estratégias para pegar o inimigo no escuro.
- Mas como eu fico? Só posso me transformar a noite.
- Terá de lutar como nós, com suas armas. Porque você acha que as compramos?
- Eu voto por ficar.
- Deixe de ser medroso. E eu sua superior, e também a sua parceira. Você deve me obedecer em qualquer circunstancias. E agora a minha ordem é irmos até lá matar todos. Andem logo.
E ela sai andando
- Acho que você perdeu dessa vez Socel.
Ele sai resmungando, mas segue o caminho. Eles seguem a pé cidade afora, e pegam o caminho por onde os orcs estavam indo. Andaram por cerca de 3 horas até que eles avistaram os inimigos. Estavam todos acampados almoçando, provavelmente esperando anoitecer.
- Viu, mesmo de dia podemos pegar eles de surpresa.
Ela pega a trouxa em que Thurar estava e o enrola todo nela. Pega a trouxa e a amarra nas costas bem forte para que ele não caia.
- Eu vou pela frente, vocês dois vão cada um por um lado. Mas só ataquem depois que eu der o sinal.
- Que sinal?
- Vocês saberão. E tomem cuidado, não fiquem tão próximos de mim ou eu posso acabar acertando vocês. Agora vão para suas posições.
Eles seguem para as laterais da clareira e se posicionam esperando o sinal.

sábado, 20 de março de 2010

Missão Inesperada

Ainda era bem cedo quando Setsuna chegou ao hospital para buscar Socel. Ela havia levado roupas novas para ele.
- Tome, vista isso. Roupas de cleaner.
Ele as pegou e as ficou fitando por alguns segundos. Era toda preta, tanto a calça quanto a camisa, bem apertadas, cheia de apetrechos, cintos e fivelas, bolsos para armas de todos os tipos.
- Eu não vou usar isso.
- Ah vai sim, esqueceu que agora quem manda em você sou eu???
Ele a olhou com ódio e foi se trocar.
- Ficou ótima.
- Eu estou me sentindo desconfortável.
- Acostume-se, será sua única vestimenta a partir de agora. Vamos.
Eles seguem para fora do quarto. Por onde eles passavam, todos olhavam. Dois cleaners andando juntos, e ainda por cima com um bebê.
- Essas pessoas me dão nos nervos. Porque elas tem que ficar nos encarando tanto???
- Apesar de estarmos em Preturia, o povo daqui não gosta de nós. E olha que nós é que garantimos a segurança deles. Hipócritas.
Eles seguem e saem do hospital. Era a primeira vez que Socel via a cidade de Preturia. Parecia como qualquer outra grande cidade humana, com prédios altos e ruas asfaltadas, carros e pessoas passando apressadas.
- Como você só pode se transformar a noite, precisa de armas. Vou te levar na melhor loja da cidade.
Eles andam por cerca de 25 minutos, até a parte menos civilizada da cidade. Lá só havia prédios antigos e caindo aos pedaços, e foi justamente num que eles entraram. Desceram até o subsolo. No final da escada havia uma porta com uma placa, “Dr. Blargh, consultor de segurança”.
- Tem certeza de que é aqui???
- É claro que tenho. Esse nome é só fachada.
Eles entram. Para todos os lados que se olhava, a única coisa que se via eram armas, de todos os tipos, tamanhos e formas. De repente de trás do balcão saiu um ser baixinho e verde, de orelhas pontudas e bem narigudo, um goblin.
- Sejam bem vindos. Faz tempo que a senhorita não vem aqui.
- Sim, andei bem ocupada ultimamente. E ainda ando. Preciso de armas para o meu amigo aqui, o que você recomenda???
- Hum, um novo cleaner. Você não está velho demais para isso??? Tanto faz. Deixa-me ver.
Ele tira uma fita métrica do bolso e começa a medir todo o corpo de Socel. Até que ele guarda a fita e vai andando para além do balcão. Minutos depois ele retorna carregado. Trazia um machado que era maior do que ele, uma espada curta, 4 adagas e vários saquinhos.
- Aqui estão, são perfeitas para você. E ainda melhor, todas são de prata. Prata é bem útil para matar vários tipos de criaturas. Mas acho que você já deve ter aprendido isso. E nestes saquinhos estão 2 tipos de ervas. Uma venenosa para você passar nas lâminas, e a outra é para combater qualquer tipo de veneno, inclusive o seu, caso ocorra algum acidente, você sabe.
- Está ótimo, pegue tudo e vamos logo.
- Mas e o meu pagamento???
- Pegue com o diretor geral dos cleaners na sede do governo. Não tenho mais tempo a perder. Vamos.
Socel pega tudo e eles vão embora, enquanto o goblin os xingava.
- Achei que nenhum ser não-humano pudesse entrar na cidade.
- Sim, mas isso é só para afastar os inimigos. Seres como ele nos são bem úteis.
Ao saírem do prédio, eles são surpreendidos por um cleaner, que os esperava na rua.
- O que você quer???
- Quanta raiva, tenha mais respeito por seu superior.
- Nunca que eu irei lhe respeitar. Eu estou com pressa, então se não tem nada de importante para dizer, vamos embora.
- Tenha mais paciência. Eu vim lhe trazer isto.
Ele entrega um pergaminho enrolado. Ela o desenrola e lê.
“Setsuna Sakurazaki, deve partir imediatamente para a cidade de Galive. Um exército de Orcs está a caminho da cidade. Sua missão é exterminar todos e impedir que eles tomem a cidade.”
- Como assim??? Isso só pode ser brincadeira.
- Não é não, e tem um pro seu amigo também.
Ele entrega um outro pergaminho para Socel. Era a mesma ordem que foi dada a Setsuna.
- O que faremos agora???
- Não vamos aceitar as ordens. Eles sabem que estávamos de saída da cidade. Devem ter feito de propósito. Aquele maldito!!!
- Hahaha. Anda muito nervosa ultimamente Setsuna. Você sabe bem o que acontece com quem não cumpre as ordens. E além do que, eu estou aqui para garantir que você vá nessa missão. Recebi a mesma ordem que vocês.
- Acho que tiraram o dia para me gozarem. Eu numa missão com você??? Hahaha. Só rindo para não chorar.
- Acho que você não tem escapatória dessa vez. Vamos logo, a missão é de extrema urgência.
Mesmo com muita raiva, Setsuna concorda em irem. E eles partem para a saída da cidade.
- Ah, esqueci de perguntar seu nome.
- Eu me chamo Socel.
- Nome interessante. Eu me chamo Marco, 1° general do exército cleaner. Mas pode me chamar de Reaper. Espero que possamos nos dar bem.
Ele dá um sorriso e estende a mão, Socel a aperta e eles seguem andando. Próximo ao portão, havia um estábulo.
- Vamos a cavalo, fiquem aqui. Eu vou buscá-los.
E Marco vai em direção ao estábulo. Setsuna espera ele estar longe o suficiente para não houvi-la.
- Não confie nele. Em hipótese alguma, está entendendo?!? Ele é o pior tipo de ser que pode existir, pior do que qualquer orc.
- Eu bem que não fui com a cara dele mesmo. E não se preocupe, eu não costumo confiar nas pessoas logo assim de cara.
- Quem bom. Se bem que comigo foi diferente.
- Claro que foi diferente. Ou eu confiava em você ou eu morria.
- Hahaha, é mesmo. Mas que bom que no final das contas você preferiu confiar em mim.
Ela lhe dá um sorriso e ele retribui. Nesse instante, Marco retorna com os cavalos.
- Aqui estão. Como você pretende cavalgar com este bebê nas mãos???
- Isso é problema meu.
Ela monta em seu cavalo. Com uma das mãos ela segurou as rédeas enquanto a outra segurava o bebê.
- Viu, simples assim.
Ela sai cavalgando lentamente em direção ao portão da cidade.
- Mulheres...
E Marco também monta em seu cavalo e vai cavalgando lentamente em direção a Setsuna.
- Acho que vai ser uma missão bem interessante.
Socel monta em seu cavalo e vai em direção aos outros. Sua primeira missão como cleaner, e logo algo desse porte para eles mandarem até mesmo o seu homem mais forte. Ele estava animado. Os 3 se juntaram no portão e partiram galopando velozmente em direção a cidade de Galive.