domingo, 4 de abril de 2010

Rumo ao Topo da Montanha dos Demônios

Já era manha quando Socel acordou. Olhou para o lado, Setsuna já havia levantado.
- Finalmente você acordou, achei que fosse dormir o dia inteiro. Agora se levante, pegue Thurar e saia. Preciso me preparar para nos levar até a montanha.
- Como assim se preparar?
- Apenas faça o que eu lhe pedi. Depois eu te explico.
Socel então se levantou, pegou Thurar e foi em direção a porta. Antes de sair ele parou e viu alguns coelhos mortos em cima da mesa.
- Você podia me explicar o que você pretende fazer?
- Não. Agora saia logo.
Muito a contragosto ele sai. Do lado de fora ele se afasta e senta no chão recostado em uma árvore, onde após alguns minutos ele pega no sono. Depois de cerca de 40 minutos, Setsuna sai da casa e vai acordá-lo.
- Socel. Socel!!! Você está dormindo ainda? Temos que ir, não vai durar muito.
- O que não vai durar muito?
- Anda logo e vem.
Ele se levanta e vai até a cabana. Ao entrar ele toma um susto. A cabana estava coberta por desenhos e símbolos estranhos, todos feitos com o sangue dos coelhos que ele vira mortos na mesa.
- O que significa isso?
- São círculos de conjuração. Eles nos levarão direto para a montanha.
- Tem alguma coisa que você não me contou, como por exemplo o fato de você ser uma feiticeira?
- Achei que fosse irrelevante, e eu não sou uma feiticeira completa, só uso da magia quando é muito necessário, como agora. Bem, mas depois eu lhe conto isso melhor, agora venha aqui.
Ele se aproxima dela e então ela pega uma pata de um dos coelhos e faz uma marca na testa dele, outra na de Thurar e outra na dela, todas iguais. Ela então segura na mão dele e começa a recitar uma conjuração. Repentinamente toda a cabana começou a escurecer. Socel apertou mais forte ainda a mão que segurava a de Setsuna e a que segurava Thurar em seu colo. Eles foram totalmente engolidos pela escuridão. Um frio perpassou pela barriga de Socel e ele começou a se sentir tonto. E tão rápido quanto como começou, a escuridão foi se dissipando. Eles agora se encontravam em um salão bem grande, todo de pedra. Ao olhar mais atentamente, parecia mais um salão de portais, pois havia vários espaços com os mesmos símbolos que os que estavam na cabana, que também era o mesmo que eles agora pisavam. Ao entrarem no salão, todas as atenções foram voltadas para eles. No local só havia criaturas que ele não soube dizer exatamente o que todas elas eram. Eles eram os únicos humanos lá. Um murmúrio começou a correr por todo o salão, e logo um dos seres foi correndo até onde eles estavam. Ao se aproximar ele fez uma grande reverência e logo começou a falar.
- Seja bem vinda princesa Setsuna. Em que lhe posso ser útil?
- Preciso de transporte aéreo o mais rápido possível. E que seja o mais rápido que você tiver.
- Sigam-me.
Eles então seguem atrás do “homem”. Ele na verdade era um morto-vivo. Apesar de estar morto, ele trajava roupas bem novas. Eram o que lhe diferenciava dos outros, pois ele era o responsável pelos portais. Eles então saem do salão. Do lado de fora, o lugar parecia uma cidade pequena normal, tirando o fato de que tudo tinha aparência de velho e de estar caindo aos pedaços.
- Onde estamos?
- Estamos na cidade dos mortos.
- Achei que fosse só uma lenda.
- Mas não é. Ela fica localizada na base de trás da montanha dos demônios. Aqui é extremamente perigoso, por isso não saia de perto de mim em hipótese alguma.
- Certo.
Eles continuam andando até chegar em um prédio baixo, mas com uma base tão grande que não dava para ver aonde terminava. Eles entram e seguem para o ultimo andar. Lá não havia teto, era totalmente aberto, pois o lugar era usado como “aeroporto” para criaturas aladas. Eles então se dirigem na direção do tratador que tomava conta do lugar.
- Eu preciso do seu dragonete mais rápido Mirty.
- Para que?
- Para a princesa Setsuna.
- Não acredito, a princesa está de volta!
- Estou. E também estou com muita pressa.
- Ah claro, espere um segundo, vou arrumar um bom para você.
Ele então pega uma cela que havia jogada no chão e sai em direção as criaturas.
- Que história é essa de princesa Setsuna?
- É uma longa história.
- Não importa, eu quero ouvir.
- Bem, a minha família é uma família de feiticeiros das trevas. E por séculos eles foram os governantes tanto da cidade dos mortos quanto da montanha dos demônios. Agora quem manda em tudo por aqui é a minha irmã, o que me torna a princesa, já que sou a próxima sucessora.
- Eu acho que nós deveríamos começar a conversar mais sobre o seu passado, para que eu não precise mais ficar tomando sustos.
- Quem sabe agora eu te conte tudo já que vamos ficar morando por aqui por um bom tempo.
- Morando aqui por um bom tempo?!?
- Veja, Mirty está voltando.
Socel não gosta do desvio do assunto, mas mesmo assim para e olha para Mirty. Ele vinha trazendo um pequeno dragonete, deveria ter cerca de 5 metros de altura e uma pele cinza de escamas bem pequenas.
- Um dos melhores que eu posso lhe oferecer no momento.
- Está ótimo, vamos ficar com ele.
- Ficar com ele? Achei que você só precisasse para um vôo.
- Mirty!!! É a princesa, a palavra dela é uma ondem.
- Certo, certo, levem ele. Mas você vai ficar me devendo uma Squirt.
- Não me importo.
- Então eu acho que já vamos indo. Talvez na outra semana eu volte aqui na cidade. Muito obrigado pela ajuda Squirt.
- Não precisa agradecer princesa, só estou aqui para fazer o meu trabalho.
Setsuna pega as rédeas da mão de Mirty, e eles sobem nas costas do dragonete. Apesar de ser um dragonete, ele era bem calmo, parecia que havia gostado dos seus novos donos.
- Você sabe voar nisso?
- Faz anos que eu não vôo, mas eu acho que ainda me lembro.
- Estamos ferrados.
Setsuna puxa as rédeas e o dragonete abre as asas.
- Tome cuidado com os diabretes, princesa.
E após receber o aviso, ela puxa as rédeas novamente, e dessa vez o dragonete dá um forte impulso do chão em direção ao céu. Socel nunca havia voado antes, era uma sensação incrível, o vento batendo em seu rosto. Era como estar livre de tudo e de todos. Conforme eles se afastavam da cidade, a vista começava a mudar completamente. A montanha era coberta por uma floresta bem fechada, não dava para ver nenhuma fresta de chão. Além de que quanto mais eles subiam, mais começava a surgir uma neblina que dificultava a visão deles.
- Socel, troque de lugar comigo.
- Como você espera que eu faça isso?
- Só segure as rédeas para mim.
- Mas eu não sei pilotar esse troço!
- Só segure as rédeas.
Ela então entrega as rédeas na mão livre de Socel. Ela coloca as duas mãos para trás por cima da cabeça e segura nos ombros de Socel, e com um impulso ela pula para trás, dando um mortal de costas e usando os ombros de Socel como alavanca para fazer ela voltar ao lugar certo.
- Você está maluca?!? Poderia ter morrido! Pra que você fez isso?
- Por conta deles.
Numa fração de segundos, apareceram vários diabretes voando em volta deles. Deveriam ter pelo menos uns 10 deles. Setsuna então saca a sua espada e a levanta no ar.
- Eu sou a princesa Sakurazaki, vocês me devem obediência.
Eles por alguns segundos voam juntos conversando entre si.
- Deixamos você passar, mas os outros devem ficar.
- Eles vem comigo.
- Então todos vão morrer.
Os diabretes começam a atacar com seus ferrões e com suas garras, tanto o dragonete quanto seus ocupantes. Setsuna então começa a tentar matar o máximo possível que ela conseguir, enquanto Socel, que acabara de aprender a voar, guia descontroladamente o dragonete. Após cerca de 10 minutos nessa disputa, somente 3 diabretes haviam morrido e eles já conseguiam avistar o topo da montanha. Repentinamente todos os diabretes param, como se tivessem batido em uma parede invisível.
- O que foi isso?
- Deve ser magia de proteção da minha irmã contra criaturas das trevas.
Eles então seguem tranquilamente o final do percurso até o topo da montanha. A “casa” era na verdade um castelo enorme, que ocupava quase toda a área do topo da montanha. Eles pousaram bem na porta de entrada e desceram das costas do dragonete.
- Finalmente chegamos.

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