quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crescendo

Eles estavam parados em frente a porta principal do castelo. Era uma porta enorme, dava 2 vezes a altura do dragonete. E o castelo então, do ponto onde eles estavam não dava para se ver até onde ele se estendia. Eles não tiveram que esperar muito, poucos minutos depois de chegarem a porta se abriu e dela saiu uma mulher correndo e gritando.
- Setchan!!!!!
Ela pulou em cima da irmã e lhe deu um forte abraço. Elas eram muito parecidas, pele branca e olhos roxos, só que Konoka tinha cabelos prateados ao invés de negros, também compridos como o da irmã, só que ela os usava soltos.
- Não agüentava mais esperar você chegar desde que me ligou dizendo que vinha.
- Eu tive alguns imprevistos, acabei demorando mais do que pensava.
- Mas agora o importante é que você finalmente chegou. Quanto tempo pretende ficar?
- Para sempre.
- Como assim?
- Eu vou morar aqui com você a partir de agora, espero que você não se importe.
- Claro que não! Eu não poderia estar mais feliz. Minha irmãzinha finalmente voltou para casa.
- Sim sim. E por falar nisso, estes aqui são meu marido e meu filho. Socel e Thurar. Eles também irão morar aqui comigo.
- Seu marido? Você se aposentou então? Ah muito prazer, eu me chamo Konoka.
- Peraí, desde quando eu sou seu marido e o meu filho virou o seu filho?
- Não reclame.
- Reclamo sim, já disse que acho que nós deveríamos nos comunicar mais sabe, antes de você tomar as decisões por você mesma.
- Que seja. De qualquer jeito eles também irão morar aqui comigo. E não, eu não me aposentei. É uma longa história.
- Não tem problema nenhum. Qualquer pessoa que seja da família de minha irmã também é da minha família. E eu vou querer saber de toda a história mais tarde heim. Agora venham, vamos entrar.
Eles então adentram no castelo. Era um lugar magnífico. Sua arquitetura era bem antiga, do inicio dos tempos, provavelmente construída pelos primeiros habitantes da montanha.
- Nós precisamos comemorar a chegada de vocês.
- Esteja a vontade. Faça o que você preferir maninha.
- Eu recuso, estou cansado e gostaria de descansar.
- Mas porque? Eu ia preparar um jantar magnífico. Você pode ir se deitar agora e eu lhe chamo quando for a hora do jantar.
- Tudo bem. Mas onde vai ser o meu quarto?
- Nosso quarto você quer dizer né?
- Sim, onde será o nosso quarto?
- Vocês podem ficar no antigo quarto da Setchan.
- Pode ser, vamos, eu te mostro onde é.
- E não demore, temos muito o que conversar ainda.
- Pode deixar.
E com um sorriso, Setsuna e Socel seguem para o quarto enquanto Konoka vai para a cozinha. Eles sobem escadas e mais escadas, até o topo de uma das torres. Eles então adentram no quarto. Ele era bem grande como tudo naquele castelo. Haviam uma cama de solteiro, um armário que cobria uma parede toda e uma penteadeira, todos feitos com uma madeira rara e bem conservados.
- Temos que mudar a cama e também arrumar um berço. Falarei para a Konoka passar aqui mais tarde para ajeitar isso. Por hora durma nessa cama mesmo. Eu vou indo, bom descanso.
Ela o beija e sai do quarto. Socel anda até a cama e se deita, ajeitando Thurar ao seu lado.
- Veja bem meu filho. A partir de agora este será o seu lar e elas a sua família. Viveremos tranquilamente por vários anos. Espero que você goste.
Ele fica observando seu filho que dormia tranquilamente agora até pegar no sono.

E com isso os anos se passaram. Thurar cresceu nesse meio. Criado por uma feiticeira que só descobriu que ele não tinha talento para a magia nos seus 5 anos de idade após eles explodir toda uma sala; por uma guerreira que não acreditava que alguém não soubesse manejar uma espada até desistir de treiná-lo quando ele tinha 8 anos; e por seu pai, um lobisomem e grande estrategista que o ensinou tudo que ele sabia. Aos 10 anos de idade, ocorreu a sua primeira transformação, e para a surpresa de todos, ele podia se transformar de dia também.
- Como isso é possível? Eu nunca vi um lobisomem se transformar de dia.
- Socel já fez isso uma vez.
- É verdade?
- Sim. Mas foi só uma vez.
- Porque será que isso aconteceu?
- Bem, é uma lenda que existe em nosso clã. Todo aquele que possuir o verdadeiro espírito dos lobisomens poderá se transformar mesmo de dia. E ele se tornará um lendário guerreiro, pois aquele que possuir essa habilidade será bem mais forte e habilidoso do que qualquer outro lobisomem. Mas a sua fúria será incontrolável, não conseguindo ser parada por ninguém. Em resumo essa é a lenda.
- Então porque você só conseguiu fazer isso uma vez?
- Acho que foi porque eu estava descontrolado, e meu espírito deve ter se elevado ao nível necessário para se transformar. Duvido que ocorra novamente.
- E como nós faremos com o Thurar? Ele ainda não sabe controlar a transformação.
- Deixem comigo. Eu vou treinar ele.
E então começou o seu treinamento. Horas e mais horas aprendendo a se transformar e a se controlar após a transformação. Como ele podia se transformar de dia também, o treinamento foi bem mais intenso. Pela manha, tarde e noite. Durante 5 anos ele treinou e aprendeu perfeitamente a se transformar e a se controlar. O único problema era quando ele se transformava quando estava com raiva. A lenda era verdadeira e ele perdia o controle e só parava após destruir tudo o que queria.
- Acho que deveríamos mandar ele para algum lugar para aprender a controlar a sua raiva.
- Algum lugar você diz em outra cidade?
- Sim.
- De jeito nenhum. Ele não vai sair daqui.
- E você pretende segurar ele até quando? Ele está crescendo, você já mal agüenta com ele.
- Ela está certa, acho que deveríamos mandá-lo treinar a sua transformação em outro lugar.
- Então me diga aonde?
- Eu conheço um lugar. É uma escola especial para super-humanos. Foi lá que eu treinei para me tornar feiticeira.
- Hallton.
- Hallton? Nunca ouvi falar.
- É um ótimo lugar. Super-humanos de vários tipos vão para lá. Será bom para ele conhecer e conviver com outras pessoas além de nós.
- Que tal perguntarmos para ele? Ele já é grande o suficiente para tomar as próprias decisões.
- Muito bem, eu vou chamá-lo.
Socel então sai e chama Thurar para se juntar a eles.
- Queremos lhe fazer uma proposta.
- Pois digam.
- O que você acha de ir estudar numa escola?
- Estudar? Mas eu já estudo aqui em casa. Além do que eu também aprendi muitas coisas com os seres da montanha e da cidade dos mortos.
- Eu disse que era besteira.
- Fique quieto, ainda não terminamos de falar.
- Você nunca teve vontade de conhecer o mundo além desta montanha?
- Claro que tenho! As histórias que eu ouço de terras além são demais!
- Então, este colégio fica bem longe daqui. E você viveria lá. Conviveria com outros humanos, super-humanos pra falar a verdade. E também conheceria várias outras terras além. Ainda quer recusar a proposta?
- Eu preciso pensar.
Ele então sai da sala.
- Viu o que vocês fizeram! Confundiram a cabeça dele!
- Deixe de ser ranzinza. Ele precisa fazer as próprias escolhas.
Após cerca de 10 minutos ele volta para a sala.
- Eu decidi. Quero ir estudar nessa escola.

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